Jair Bolsonaro, o político que todo mau político deveria ser.
Às vésperas do pleito eleitoral de 2010, o comediante da MTV, Marcelo Adnet, popularizou um interessante personagem, o “político sincero”. De forma cômica o personagem lançava sua candidatura com frases do tipo: “Se eleito, irei cuidar de roubar muito, de votar leis que interesse a mim e a meus amigos, e de me aproveitar de todas as oportunidades para me dar bem”. Em algumas cenas dizia inclusive detestar minorias, todas elas, raciais, sexuais, religiosas...
Era apenas uma piada, mas eu adoraria que fosse verdade. Adoraria ouvir de todos os candidatos eleitorais o que realmente pensam e desejam em relação à sociedade e a política. Infelizmente não é assim, em véspera de eleição, todos eles se vestem em pele de carneiros. Sobem os morros, abraçam e beijam crianças pobres, desfilam em paradas gays, e se escondem atrás de discursos recheados de comprometimento social e ético tão poderosos que acabam por cumprir sua função de iludir e ludibriar os eleitores.
Nas últimas semanas, no entanto, um politico sincero acabou chamando a atenção da mídia por suas declarações racistas e homofóbicas. O tal político sincero é, o já conhecido, Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de janeiro, ( já no sexto mandato consecutivo e curiosamente, integrante da Comissão dos Direitos Humanos da câmara). Bolsonaro é o tipo de político retrógrado e conservador, que não esconde sua aversão à diferença.
Defende, dentre outros absurdos, a tortura, a pena de morte, a bomba atômica, a agressão física a homossexuais e usuários de drogas, e a censura. É contra as cotas raciais, á política de proteção indígena (aos quais se refere como fedorentos ignorantes, não falantes de nossa língua e não merecedores de porções de terra da nação). Diz sentir saudades do governo Médice e da ditadura militar, e condena a lei que proíbe pais de castigarem fisicamente seus filhos.
Acredito que Bolsonaro não é o único, nem o último, congressista racista, preconceituoso, homofóbico e sexista do país. Muitos outros, certamente, comungam de suas vergonhosas opiniões. Mas, para nosso azar, nem todos se orgulham disso, a ponto de escancarar ideias tão agressivas na mídia. A grande maioria se esconde atrás de frases feitas, para tentar convencer os eleitores de que são comprometidos com o bem estar público, das maiorias e das minorias.
Meu sonho é que houvessem mais políticos assim. Que mais Bolsonaros colocassem suas manguinhas de fora, e vomitassem em rede nacional suas reais concepções sobre os direitos humanos. Seria muito mais fácil fugir desse tipo de gente. E principalmente, seria muito mais fácil quantificar o preconceito e a deficiência da formação cidadã no país.
Em uma busca rápida pela web, encontra-se um sem número de fãs de Bolsonaro. Poucos assumem sua identidade. Mas declaram admirá-lo, como admiram Hitler, Mussolini, Stálin, e outros extremistas históricos. Quando, em uma próxima eleição, o tal “bastião da moral” for candidato, por meio de seus votos, pode-se mensurar a proporção que atinge tais ideias. Seus eleitores não mais poderão se esconder atrás da máscara de enganados. Terão que assumir, que como ele, defendem um país segregador e fascista.
Eu por minha vez, agradeço a cara de pau de Jair Bolsonaro. Do fundo do meu coração. E mais, encorajo a todos aqueles que pensam como ele, de também irem a TV, dizer que bater em criança “boiola” transforma-as em homens de verdade, e que seus filhos não se relacionariam com mulheres negras por que foram bem educados. Porque, sinceramente seu Jair, “ se todo mau político fosse igual a você, que maravilha seria votar”.
MONIQUE PACHECO
Professora e Bacharel em historia pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.pacheco@yahoo.com.br
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