Jair Bolsonaro, o político que todo mau político deveria ser.
Às vésperas do pleito eleitoral de 2010, o comediante da MTV, Marcelo Adnet, popularizou um interessante personagem, o “político sincero”. De forma cômica o personagem lançava sua candidatura com frases do tipo: “Se eleito, irei cuidar de roubar muito, de votar leis que interesse a mim e a meus amigos, e de me aproveitar de todas as oportunidades para me dar bem”. Em algumas cenas dizia inclusive detestar minorias, todas elas, raciais, sexuais, religiosas...
Era apenas uma piada, mas eu adoraria que fosse verdade. Adoraria ouvir de todos os candidatos eleitorais o que realmente pensam e desejam em relação à sociedade e a política. Infelizmente não é assim, em véspera de eleição, todos eles se vestem em pele de carneiros. Sobem os morros, abraçam e beijam crianças pobres, desfilam em paradas gays, e se escondem atrás de discursos recheados de comprometimento social e ético tão poderosos que acabam por cumprir sua função de iludir e ludibriar os eleitores.
Nas últimas semanas, no entanto, um politico sincero acabou chamando a atenção da mídia por suas declarações racistas e homofóbicas. O tal político sincero é, o já conhecido, Jair Bolsonaro, deputado federal pelo Rio de janeiro, ( já no sexto mandato consecutivo e curiosamente, integrante da Comissão dos Direitos Humanos da câmara). Bolsonaro é o tipo de político retrógrado e conservador, que não esconde sua aversão à diferença.
Defende, dentre outros absurdos, a tortura, a pena de morte, a bomba atômica, a agressão física a homossexuais e usuários de drogas, e a censura. É contra as cotas raciais, á política de proteção indígena (aos quais se refere como fedorentos ignorantes, não falantes de nossa língua e não merecedores de porções de terra da nação). Diz sentir saudades do governo Médice e da ditadura militar, e condena a lei que proíbe pais de castigarem fisicamente seus filhos.
Acredito que Bolsonaro não é o único, nem o último, congressista racista, preconceituoso, homofóbico e sexista do país. Muitos outros, certamente, comungam de suas vergonhosas opiniões. Mas, para nosso azar, nem todos se orgulham disso, a ponto de escancarar ideias tão agressivas na mídia. A grande maioria se esconde atrás de frases feitas, para tentar convencer os eleitores de que são comprometidos com o bem estar público, das maiorias e das minorias.
Meu sonho é que houvessem mais políticos assim. Que mais Bolsonaros colocassem suas manguinhas de fora, e vomitassem em rede nacional suas reais concepções sobre os direitos humanos. Seria muito mais fácil fugir desse tipo de gente. E principalmente, seria muito mais fácil quantificar o preconceito e a deficiência da formação cidadã no país.
Em uma busca rápida pela web, encontra-se um sem número de fãs de Bolsonaro. Poucos assumem sua identidade. Mas declaram admirá-lo, como admiram Hitler, Mussolini, Stálin, e outros extremistas históricos. Quando, em uma próxima eleição, o tal “bastião da moral” for candidato, por meio de seus votos, pode-se mensurar a proporção que atinge tais ideias. Seus eleitores não mais poderão se esconder atrás da máscara de enganados. Terão que assumir, que como ele, defendem um país segregador e fascista.
Eu por minha vez, agradeço a cara de pau de Jair Bolsonaro. Do fundo do meu coração. E mais, encorajo a todos aqueles que pensam como ele, de também irem a TV, dizer que bater em criança “boiola” transforma-as em homens de verdade, e que seus filhos não se relacionariam com mulheres negras por que foram bem educados. Porque, sinceramente seu Jair, “ se todo mau político fosse igual a você, que maravilha seria votar”.
MONIQUE PACHECO
Professora e Bacharel em historia pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.pacheco@yahoo.com.br
blog: moniquenajaraapacheco.blogspot.com
ESTE BLOG TEM COMO OBJETIVO PARTILHAR ALGUMAS OPINIÕES, CRÍTICAS E REFLEXÕES SOBRE DIVERSOS TEMAS COMO, EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E POLÍTICA, SEJAM BEM VINDOS...
QUANDO ALGUÉM PERGUNTA A UM AUTOR, O QUE ESTE QUIS DIZER, É POR QUE UM DOS DOIS É BURRO.
MARIO QUINTANA
MARIO QUINTANA
quinta-feira, 7 de abril de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
A tragédia grega, o circo romano e o Estado Moderno
A tragédia grega, o circo romano e o Estado Moderno
O que levam centenas de pessoas saírem de suas casas de madrugada, pegarem duas, três conduções e ficarem o dia inteiro, em frente um fórum? O sol quente, a chuva forte, o aglomerado de pessoas famintas, cansadas, repetindo a mesma rotina desgastante por dois, três, cinco dias.
Não, não é trabalho, não estão doando nada, essas pessoas estão ali protagonizando apenas mais um espetáculo macabro, digno de uma tragédia grega somada ao prazer sádico de um espetáculo romano.
A mídia deu inicio ao show anunciado e esperado a pelo menos dois anos. O caso é realmente pavoroso, um casal de classe média alta, gozando de todos os confortos aos quais apenas uma pequena parcela da população tem acesso, comete um crime bárbaro. Sem nenhum motivo aparente esganam e defenestram uma linda e meiga criança de apenas cinco anos de idade.
Trágico? Mais do que isso, cruel. Um crime bárbaro cometido ou supostamente cometido, por um casal de jovens instruídos, bem educados, representantes da minoria bem sucedida do país.
O que choca é que apesar das frases de repúdio proferidas, fica claro perceber o quanto as pessoas gostam dessas desgraças urbanas. As pessoas estão sedentas por tragédias. O que se viu nesses cinco dias de julgamento foi suficiente para entendermos o porquê das arenas romanas fazerem tanto sucesso entre seus contemporaneos. Pão e circo para o povo. Um assassinato desses por mês, os políticos vão à forra, ninguém dará a mínima atenção a denuncias de corrupção, mensalão, dinheiro na cueca, enfim... Nada seduzirá tanto a atenção da marginalia que a possibilidade de ver sangue jorrando.
Os gritos eram por justiça, mas ninguém que estava ali queria justiça, esse era apenas um pretexto, ninguém se sacrifica tanto por justiça nesse país, se fosse assim não estaria o Brasil mergulhado nesse esgoto de impunidades. O que as pessoas queriam era o show, o espetáculo, a carnificina.
As cenas divulgadas na TV eram de um paradoxo anacrônico indesvendável. O casal, ante uma das mais importantes instituições do Estado moderno, respondendo judicialmente por seu inexplicável e imperdoável crime. Do lado de fora uma multidão de justiceiros anciosos pela mínima oportunidade de aplicar a Lei de Talião.
A mídia, como de se esperar, cobrindo o espetáculo, dando a essas pessoas o direito de se manifestarem. Todos querendo a palavra, em uma nobre manifestão de altruísmo e de interesse por justiça, principalmente se justiça significasse a cabeça do casal.
_ queremos justiça, dizia um.
_ o crime é horrível, eles têm que ser condenados, dizia outro.
_ eu sou mãe, me emociono com essas coisas.
_ queremos que se faça a justiça, não aceitamos impunidade.
Chega a ser engraçado. Uma grande parte daquelas pessoas que estavam esperando a oportunidade de atirar uma pedra, também tem filhos. Uma grande parte já deve, em mais de um episódio, ter pesado a mão sobre esse filho. A Jatobá também fez isso, mas pesou um pouco mais, era a madrasta, não tinha esse direito. Mas os que estavam do lado de fora do fórum, sim, se sentiam no direito de apontar o dedo, de levantar a voz e agredir, casal, advogado do casal, pais mães e até os filhos do casal se lhe fosse dado oportunidades.
Muitos sacrificando suas crianças naquela "tocaia" armada há dias. Crianças expostas ao cansaço desnecessário, movidos pelo sadismo de seus pais.
Outras ficaram em suas casas, com quem? Com um vizinho, com o pai, a madrasta, não,não importa onde e com quem seus filhos estavam. O que importa e que a garotinha está morta, e não a confissão, não há testemunha, há apenas o poder das investigações da retórica e do convencimento. O veredito já estava dado. Mas o espetáculo ainda não havia se consumado. Faltava um elemento básico, as cabeças rolando.
Não era apenas os "justiceiros" que se divertiam, ambulantes de todas as partes garantiam um extra vendendo camisetas com fotos da criança, medalhinhas, churrasquinhos de gato, refrigerante, cerveja, água, sabe-se o que mais era vendido ali. Podia-se vender tudo, tinha gente para comprar. Comprar inclusive qualquer versão acusadora, que satisfizesse o desejo daquelas pessoas de que realmente fossem aqueles dois os culpados. Uma terceira pessoa não seria interessante, não daria ares de tragédia grega, não haveria o espetáculo romano. Seria apenas mais um caso.
O povo queria uma confissão, que envolvesse rituais macabros, requintes de crueldade, torturas ainda maiores que as já descritas pelos peritos. Queriam uma reconstituição do crime dignas de filme de terror. Para quê? Para se sentirem bem, para se sentirem bons pais, apesar das inúmeras falhas e agressões diárias que cometem à seus filhos, em uma comparação à Alexandre Nardone e Ana Carolina Jatobá, todo mundo, de repente, se torna exemplo de equilíbrio, dedicação e amor.
Monique Pacheco
Professora e bacharel em História pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.eu@ig.com.br
blog:moniquenajaraapacheco.blogspot.com
O que levam centenas de pessoas saírem de suas casas de madrugada, pegarem duas, três conduções e ficarem o dia inteiro, em frente um fórum? O sol quente, a chuva forte, o aglomerado de pessoas famintas, cansadas, repetindo a mesma rotina desgastante por dois, três, cinco dias.
Não, não é trabalho, não estão doando nada, essas pessoas estão ali protagonizando apenas mais um espetáculo macabro, digno de uma tragédia grega somada ao prazer sádico de um espetáculo romano.
A mídia deu inicio ao show anunciado e esperado a pelo menos dois anos. O caso é realmente pavoroso, um casal de classe média alta, gozando de todos os confortos aos quais apenas uma pequena parcela da população tem acesso, comete um crime bárbaro. Sem nenhum motivo aparente esganam e defenestram uma linda e meiga criança de apenas cinco anos de idade.
Trágico? Mais do que isso, cruel. Um crime bárbaro cometido ou supostamente cometido, por um casal de jovens instruídos, bem educados, representantes da minoria bem sucedida do país.
O que choca é que apesar das frases de repúdio proferidas, fica claro perceber o quanto as pessoas gostam dessas desgraças urbanas. As pessoas estão sedentas por tragédias. O que se viu nesses cinco dias de julgamento foi suficiente para entendermos o porquê das arenas romanas fazerem tanto sucesso entre seus contemporaneos. Pão e circo para o povo. Um assassinato desses por mês, os políticos vão à forra, ninguém dará a mínima atenção a denuncias de corrupção, mensalão, dinheiro na cueca, enfim... Nada seduzirá tanto a atenção da marginalia que a possibilidade de ver sangue jorrando.
Os gritos eram por justiça, mas ninguém que estava ali queria justiça, esse era apenas um pretexto, ninguém se sacrifica tanto por justiça nesse país, se fosse assim não estaria o Brasil mergulhado nesse esgoto de impunidades. O que as pessoas queriam era o show, o espetáculo, a carnificina.
As cenas divulgadas na TV eram de um paradoxo anacrônico indesvendável. O casal, ante uma das mais importantes instituições do Estado moderno, respondendo judicialmente por seu inexplicável e imperdoável crime. Do lado de fora uma multidão de justiceiros anciosos pela mínima oportunidade de aplicar a Lei de Talião.
A mídia, como de se esperar, cobrindo o espetáculo, dando a essas pessoas o direito de se manifestarem. Todos querendo a palavra, em uma nobre manifestão de altruísmo e de interesse por justiça, principalmente se justiça significasse a cabeça do casal.
_ queremos justiça, dizia um.
_ o crime é horrível, eles têm que ser condenados, dizia outro.
_ eu sou mãe, me emociono com essas coisas.
_ queremos que se faça a justiça, não aceitamos impunidade.
Chega a ser engraçado. Uma grande parte daquelas pessoas que estavam esperando a oportunidade de atirar uma pedra, também tem filhos. Uma grande parte já deve, em mais de um episódio, ter pesado a mão sobre esse filho. A Jatobá também fez isso, mas pesou um pouco mais, era a madrasta, não tinha esse direito. Mas os que estavam do lado de fora do fórum, sim, se sentiam no direito de apontar o dedo, de levantar a voz e agredir, casal, advogado do casal, pais mães e até os filhos do casal se lhe fosse dado oportunidades.
Muitos sacrificando suas crianças naquela "tocaia" armada há dias. Crianças expostas ao cansaço desnecessário, movidos pelo sadismo de seus pais.
Outras ficaram em suas casas, com quem? Com um vizinho, com o pai, a madrasta, não,não importa onde e com quem seus filhos estavam. O que importa e que a garotinha está morta, e não a confissão, não há testemunha, há apenas o poder das investigações da retórica e do convencimento. O veredito já estava dado. Mas o espetáculo ainda não havia se consumado. Faltava um elemento básico, as cabeças rolando.
Não era apenas os "justiceiros" que se divertiam, ambulantes de todas as partes garantiam um extra vendendo camisetas com fotos da criança, medalhinhas, churrasquinhos de gato, refrigerante, cerveja, água, sabe-se o que mais era vendido ali. Podia-se vender tudo, tinha gente para comprar. Comprar inclusive qualquer versão acusadora, que satisfizesse o desejo daquelas pessoas de que realmente fossem aqueles dois os culpados. Uma terceira pessoa não seria interessante, não daria ares de tragédia grega, não haveria o espetáculo romano. Seria apenas mais um caso.
O povo queria uma confissão, que envolvesse rituais macabros, requintes de crueldade, torturas ainda maiores que as já descritas pelos peritos. Queriam uma reconstituição do crime dignas de filme de terror. Para quê? Para se sentirem bem, para se sentirem bons pais, apesar das inúmeras falhas e agressões diárias que cometem à seus filhos, em uma comparação à Alexandre Nardone e Ana Carolina Jatobá, todo mundo, de repente, se torna exemplo de equilíbrio, dedicação e amor.
Monique Pacheco
Professora e bacharel em História pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.eu@ig.com.br
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domingo, 13 de fevereiro de 2011
E aí, vamos ou não vamos mudar o mundo?
Eu estou cansada de pessoas egoístas. Cansadas de pessoas que empurram para os outros a responsabilidades sobre as mazelas do mundo. Fico pensando em quando eu era criança, em como queria mudar o mundo. Ser ministra da educação, presidente do Brasil, embaixadora da ONU. Agente cresce e os sonhos vão mudando, as coisas tomam outras proporções e começamos a dar graças a Deus por mudarmos nossas próprias vidas. Foi assim comigo, é assim com muita gente. Deixamos a tarefa de mudar o mundo para os outros, e não nos responsabilizamos de forma ampla pelas nossas atitudes mesquinhas, nossos individualismos, nossos pequenos delitos.
Até o dia que paramos par pensar e percebemos que dá pra fazer. Dá para mudar o mundo sem que sejamos mundialmente ou nacionalmente conhecidos. Não precisamos ser conhecidos nem no nosso bairro. Precisamos apenas nos conhecer. Conhecer nossos valores, nossas possibilidades, nossos padrões éticos.
Não se muda o mundo mantendo a miséria, menos ainda pensando que a miséria está á seu favor. Conheço muitos professores que acham vantagens no desinteresse de seus alunos, dizem de boca cheia: “isso mesmo, não estudem não, quando eu saio a noite eu preciso de gente como vocês para olhar meu carro, preciso de gente como vocês para me servir, para limpar minha casa a preços baixos”. E é por isso que eu me enfureço, é por isso que acho a existência do flanelinha o cúmulo do absurdo. Um desagravo a dignidade humana.
Não sou elitista. Preconceituosa, talvez, como tantos, como todos. Preconceituosa com gente que se acostuma com a desigualdade social. Eu não me acostumo, Eu acho uma agressão, a quem está por baixo, a quem está no topo, a toda a sociedade. Eu penso que ter pena e dar esmolas não resolvem, piora a situação. O correto não é remediar. É resolver definitivamente.
Comprar balas no sinal não é distribuir renda. Eu não quero ser servida pela miséria, eu não quero explorar o outro, eu não preciso ver alguém na pior para me sentir bem. O que eu tenho feito para mudar o mundo? Pouco, mas o que eu dou conta eu faço. Eu não compactuo com coisa errada. Eu não busco de subterfúgios para me beneficiar. Eu não sou do tipo que diz “ pra que eu vou obedecer essa regra se ninguém obedece?”. Eu obedeço e felizmente conheço muita gente como eu, muito melhor ainda que eu. Eu acredito na lei. Não acho nossas leis injustas, acho que elas não são respeitadas.
O Brasil é o país do “jeitinho”, da lei do mais esperto, do menor esforço? Até quando? Quando vamos nos responsabilizar de verdade? Quando vamos parar de jogar lixo pela janela? De votar em candidatos que fazem “boca de urna”, por que todo mundo faz?
Sei que vai me perguntar sobre o mau exemplo de nossos legisladores. Sobre suas condutas duvidosas, sobre seu talento em beneficiar-se do dinheiro público, e sei que suas atitudes criminosas e a impunidade que lhes cerca são fatores de revolta e de descrédito em nosso poder de mudança, mas eu tento fazer a minha parte. Eu acredito na mudança e principalmente na mudança que vem através da educação. Eu sou grata ao que a escola fez por mim. Por isso não aceito que crianças estejam “olhando” carros em troca de moedas quando deveriam estar estudando. É por isso que insisto tanto com meus alunos, não os quero ver flanelinhas, não quero vê-los lavando meu carro. Fazendo malabarismo no sinal. Quero despertar neles o desejo de ter mais, de ser mais, de servir a sociedade de forma digna. De forma útil, recebendo salários justos que lhes garantam uma vida farta, em todos os sentidos. Não acho que todas as pessoas tenham que ter curso superior. Mas acho que todas que o querem devem ter direito a uma formação de qualidade e a condições de exercer sua profissão. Acho que todos devem ter pelo menos condições de sonhar, de desejar algo maior que as limitações impostas.
Por isso, não compro balas na rua. Não dou esmolas, não fico com pena. Fico indignada. Prefiro assim. Quando sentada em um bar á noite me aparece uma criança vendendo balas com aquele ensaiado discurso: “eu podia estar roubando, eu podia estar matando...”, eu não cedo. Mesmo sabendo que seria mais cômodo ceder. Dar logo o dinheiro e dormir com sensação cristã de ter feito o bem. Mas eu não o faço. Eu pergunto pela escola, eu a lembro que ela não deveria estar naquele lugar muito menos naquele horário. Eu ameaço chamar o Conselho Tutelar se ela não for embora. Ela sai. Não sou ingênua, sei que não vai para casa, vai para outro bar, mas se todos fizessem o mesmo, quem sabe... Se todos cobrassem pela sua frequência á escola, se todos a informassem de seus direitos, se todos chamassem á responsabilidade os órgãos públicos responsáveis, se todos incomodassem o Estado na cobrança por seus direitos...
Eu não aceito o flanelinha apesar de saber que ele é uma vítima do sistema. Aceitá-lo seria legitimar sua função, seria resignar-me a sua condição. Não aceito. Quando peço providencias do Estado não estou querendo que sejam chacinados ou presos, mas que lhe sejam oferecidas outras possibilidades. E que essas outras possibilidades sejam oferecidas também ás crianças e jovens que ingressam diariamente no mundo do tráfico, na criminalidade.
Não sou contra o trabalhador informal. Muito pelo contrário, acho muito legítimo o trabalho honesto daqueles que querem sobreviver, que querem viver à custa de seu próprio esforço apesar das adversidades que lhe são impostas. Sou extremamente grata aos catadores de papel e latinha pelo seu trabalho, pelo serviço que prestam á sociedade, mas fico indignada com o pouco que recebem em troca, pelas péssimas condições de vida a que são submetidos. Mereciam receber muito mais, ter seu trabalho muito mais valorizado. Não gosto de pensar que a sociedade se beneficia da sua miséria. E por isso, e só por isso, lutarei com o que eu puder para que meus alunos não se tornem catadores de papel. Não é justo que a desigualdade social prevaleça. Não no país do pré-sal. Não é justo que pessoas morram de malária em cidades como São Paulo. Não é justo que se morra de malária em canto nenhum desse país. Não é justo que se morra de pobreza em nenhum lugar do mundo.
Pode me chamar de elitista ou qualquer um desses rótulos que se dá para quem não gosta da miséria. Eu não gosto. Eu não concordo com sua existência em uma economia como a do Brasil. Eu ainda acredito em padrões de vida escandinavos. Acredito em uma sociedade justa, onde as pessoas não se diferenciem pelo que comem, mas pelo que pensam. Onde a todos seja dada a oportunidade de pensar. Onde todos tenham moradias seguras e confortáveis, não é pedir de mais; direito e condições de escolher uma profissão e viverem da dignidade de seu trabalho; onde a todos seja dada uma condição igualitária de saúde para que, atendimento médico e odontológico não seja privilégio de alguns; onde as melhores escolas não sejam oferecidas aos poucos que possam pagar, mas a todos que dela necessitam para adquirirem oportunidades iguais e liberdade social.
Podem dizer que levaremos mil anos para alcançar esse patamar social, não importo. Importo quando me dizem que é impossível. Que jamais chegaremos lá. Que jamais mudaremos essa situação. Não quero e não vou me acomodar. Não aceito que você se acomode também.
Monique Pacheco
Professora e Bacharel em História pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.eu@ig.com.br
blog:moniquenajaraapacheco.blogspot.com
Até o dia que paramos par pensar e percebemos que dá pra fazer. Dá para mudar o mundo sem que sejamos mundialmente ou nacionalmente conhecidos. Não precisamos ser conhecidos nem no nosso bairro. Precisamos apenas nos conhecer. Conhecer nossos valores, nossas possibilidades, nossos padrões éticos.
Não se muda o mundo mantendo a miséria, menos ainda pensando que a miséria está á seu favor. Conheço muitos professores que acham vantagens no desinteresse de seus alunos, dizem de boca cheia: “isso mesmo, não estudem não, quando eu saio a noite eu preciso de gente como vocês para olhar meu carro, preciso de gente como vocês para me servir, para limpar minha casa a preços baixos”. E é por isso que eu me enfureço, é por isso que acho a existência do flanelinha o cúmulo do absurdo. Um desagravo a dignidade humana.
Não sou elitista. Preconceituosa, talvez, como tantos, como todos. Preconceituosa com gente que se acostuma com a desigualdade social. Eu não me acostumo, Eu acho uma agressão, a quem está por baixo, a quem está no topo, a toda a sociedade. Eu penso que ter pena e dar esmolas não resolvem, piora a situação. O correto não é remediar. É resolver definitivamente.
Comprar balas no sinal não é distribuir renda. Eu não quero ser servida pela miséria, eu não quero explorar o outro, eu não preciso ver alguém na pior para me sentir bem. O que eu tenho feito para mudar o mundo? Pouco, mas o que eu dou conta eu faço. Eu não compactuo com coisa errada. Eu não busco de subterfúgios para me beneficiar. Eu não sou do tipo que diz “ pra que eu vou obedecer essa regra se ninguém obedece?”. Eu obedeço e felizmente conheço muita gente como eu, muito melhor ainda que eu. Eu acredito na lei. Não acho nossas leis injustas, acho que elas não são respeitadas.
O Brasil é o país do “jeitinho”, da lei do mais esperto, do menor esforço? Até quando? Quando vamos nos responsabilizar de verdade? Quando vamos parar de jogar lixo pela janela? De votar em candidatos que fazem “boca de urna”, por que todo mundo faz?
Sei que vai me perguntar sobre o mau exemplo de nossos legisladores. Sobre suas condutas duvidosas, sobre seu talento em beneficiar-se do dinheiro público, e sei que suas atitudes criminosas e a impunidade que lhes cerca são fatores de revolta e de descrédito em nosso poder de mudança, mas eu tento fazer a minha parte. Eu acredito na mudança e principalmente na mudança que vem através da educação. Eu sou grata ao que a escola fez por mim. Por isso não aceito que crianças estejam “olhando” carros em troca de moedas quando deveriam estar estudando. É por isso que insisto tanto com meus alunos, não os quero ver flanelinhas, não quero vê-los lavando meu carro. Fazendo malabarismo no sinal. Quero despertar neles o desejo de ter mais, de ser mais, de servir a sociedade de forma digna. De forma útil, recebendo salários justos que lhes garantam uma vida farta, em todos os sentidos. Não acho que todas as pessoas tenham que ter curso superior. Mas acho que todas que o querem devem ter direito a uma formação de qualidade e a condições de exercer sua profissão. Acho que todos devem ter pelo menos condições de sonhar, de desejar algo maior que as limitações impostas.
Por isso, não compro balas na rua. Não dou esmolas, não fico com pena. Fico indignada. Prefiro assim. Quando sentada em um bar á noite me aparece uma criança vendendo balas com aquele ensaiado discurso: “eu podia estar roubando, eu podia estar matando...”, eu não cedo. Mesmo sabendo que seria mais cômodo ceder. Dar logo o dinheiro e dormir com sensação cristã de ter feito o bem. Mas eu não o faço. Eu pergunto pela escola, eu a lembro que ela não deveria estar naquele lugar muito menos naquele horário. Eu ameaço chamar o Conselho Tutelar se ela não for embora. Ela sai. Não sou ingênua, sei que não vai para casa, vai para outro bar, mas se todos fizessem o mesmo, quem sabe... Se todos cobrassem pela sua frequência á escola, se todos a informassem de seus direitos, se todos chamassem á responsabilidade os órgãos públicos responsáveis, se todos incomodassem o Estado na cobrança por seus direitos...
Eu não aceito o flanelinha apesar de saber que ele é uma vítima do sistema. Aceitá-lo seria legitimar sua função, seria resignar-me a sua condição. Não aceito. Quando peço providencias do Estado não estou querendo que sejam chacinados ou presos, mas que lhe sejam oferecidas outras possibilidades. E que essas outras possibilidades sejam oferecidas também ás crianças e jovens que ingressam diariamente no mundo do tráfico, na criminalidade.
Não sou contra o trabalhador informal. Muito pelo contrário, acho muito legítimo o trabalho honesto daqueles que querem sobreviver, que querem viver à custa de seu próprio esforço apesar das adversidades que lhe são impostas. Sou extremamente grata aos catadores de papel e latinha pelo seu trabalho, pelo serviço que prestam á sociedade, mas fico indignada com o pouco que recebem em troca, pelas péssimas condições de vida a que são submetidos. Mereciam receber muito mais, ter seu trabalho muito mais valorizado. Não gosto de pensar que a sociedade se beneficia da sua miséria. E por isso, e só por isso, lutarei com o que eu puder para que meus alunos não se tornem catadores de papel. Não é justo que a desigualdade social prevaleça. Não no país do pré-sal. Não é justo que pessoas morram de malária em cidades como São Paulo. Não é justo que se morra de malária em canto nenhum desse país. Não é justo que se morra de pobreza em nenhum lugar do mundo.
Pode me chamar de elitista ou qualquer um desses rótulos que se dá para quem não gosta da miséria. Eu não gosto. Eu não concordo com sua existência em uma economia como a do Brasil. Eu ainda acredito em padrões de vida escandinavos. Acredito em uma sociedade justa, onde as pessoas não se diferenciem pelo que comem, mas pelo que pensam. Onde a todos seja dada a oportunidade de pensar. Onde todos tenham moradias seguras e confortáveis, não é pedir de mais; direito e condições de escolher uma profissão e viverem da dignidade de seu trabalho; onde a todos seja dada uma condição igualitária de saúde para que, atendimento médico e odontológico não seja privilégio de alguns; onde as melhores escolas não sejam oferecidas aos poucos que possam pagar, mas a todos que dela necessitam para adquirirem oportunidades iguais e liberdade social.
Podem dizer que levaremos mil anos para alcançar esse patamar social, não importo. Importo quando me dizem que é impossível. Que jamais chegaremos lá. Que jamais mudaremos essa situação. Não quero e não vou me acomodar. Não aceito que você se acomode também.
Monique Pacheco
Professora e Bacharel em História pela PUC-MG
e-mail: moniquenajara.eu@ig.com.br
blog:moniquenajaraapacheco.blogspot.com
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Vamos combinar: flanelinha não é trabalhador informal, é bandido socialmente aceito.
Eu não sei você, mas eu não aguento mais ser refém de flanelinha. Não é exagero, somos reféns de um sistema diário de extorsão tão socialmente aceito que algumas cidades, como Belo Horizonte, já estão chegando ao cúmulo de institucionalizar essa “ocupação”. Pelo amor de Deus, flanelinha não pode e nem deve ser visto como trabalhador informal. Que tipo de trabalhador te obriga a usar os seus serviços? Não existem feirantes que te obrigam a comprar seus produtos, ou uma profissional do sexo que obriga alguém a transar com ela, mas o flanelinha te obriga a aceitar que ele “olhe” seu carro. Ou você conhece alguém que já se sentiu em condições de recusar o “favor” de um flanelinha?
Somos coagidos a dar dinheiro diariamente á esses bandidos. E esqueça aquelas pratinhas das quais você estava doido para se livrar, dependendo do lugar onde você estacionar seu carro o “dono do ponto” pode lhe cobrar de cinco a dez reais e exigir pagamento adiantado. E experimente dizer que não tem, ou que a rua não é dele. Um dia desses testemunhei, indignada, uma tentativa de argumento com um desses “trabalhadores”. Um rapaz, na tentativa de arrancar seu carro e após constatar que não tinha dinheiro para o tal “pagamento” foi obrigado a escutar frases absurdas como: “Não tem dinheiro, porque parou aqui?” “ Você senta em um bar e toma cerveja se não tem dinheiro para pagar?” “Esse é o meu trabalho, você está me roubando”. Fiquei perplexa, ainda mais após a tentativa do rapaz de chamar à sua defesa um policial que estava passando. “ Dá logo o dinheiro do cara e agente resolve isso” disse o policial. O rapaz ficou tão confuso, que sem chance de defesa, e talvez por falta de certeza sobre quem estava sendo roubado, teve que pedir o prestativo flanelinha para aguardar enquanto ele ia a um caixa rápido fazer o saque para o tal pagamento, sob ameaça de ter seu carro riscado. Acho que se as coisas continuarem como estão a procura por um caixa rápido será desnecessária, não demora e esses “profissionais liberais” estarão armados com maquinetas de cartão de crédito.
Fico pensando em como as coisas chegaram a esse ponto. Em quando esses marginais urbanos se apropriaram das ruas sem que nós, cidadãos de direito, pagadores de impostos tenhamos feito nada para impedir. O pior é que poucas pessoas enxergam a gravidade dessa questão. Um grande número de motoristas chegam ao cúmulo de achar vantagens nesse tipo de “prestação de serviço”, pensam ter seus carros realmente protegidos de furtos e roubos, e pior acham que custa mais barato manter o flanelinha que pagar estacionamento privado. Não deveria ser mais barato estacionar o carro na rua. Deveria ser gratuito, ou pelo menos legal, legal em todos os sentidos.
As pessoas fogem do parquímetro, e gastam mais com o “flanelímetro” e pior, alimentam essa rede de banditismo social que “emprega” pessoas de todas as idades. Pessoas que comungam de uma característica comum: sua disponibilidade para ganhar dinheiro fácil na famosa lei do menor esforço. Não defendo o parquímetro, mas o prefiro em relação á possibilidade de ficar criando “cobras para me picar”. Não sou elitista, nem direitista, nem liberalista ou qualquer outra coisa assim. Sou apenas uma cidadã cansada de ver pessoas incluindo o flanelinha em seu orçamento doméstico. O flanelinha não é um pobre coitado, é um bandido cotidianamente aceito, que se infiltrou na sociedade como baratas se infiltram em nossas casas. Você sempre acha que existe pragas mais ameaçadoras para combater, até que descobre que perdeu o controle sobre elas. Não temos mais controle sobre flanelinhas, eles se multiplicaram e dominaram as cidades de tal forma que agora vendem seus “pontos” para outros que queiram investir nesse lucrativo negócio.
Dia desses um babaca me disse com grande sorriso no rosto: “Conheço um professor, que fez faculdade e tudo, mas como ganhava pouco largou a escola e virou flanelinha, muito melhor, já comprou até um carro”. Que nojo dessa sociedade sem dignidade que se sente esperta, quando na verdade é desonesta. Me enoja também pensar que algumas pessoas acham isso legal. Não é legal, de forma nenhuma. Temos que dar um basta nessa situação. Como? O problema ficou grande demais para soluções simples, mas coragem para dizer não, participação política para cobrar intervenção do Estado, e principalmente responsabilidade social para não se render á lei do mais esperto, do mais fácil, do menor esforço seriam algumas alternativas na busca de soluções. Se tudo isso for impossível para você deve pelo menos, se indignar. Como diria sabiamente a colunista da Revista Época, Ruth de Aquino: “Uma pessoa indignada não é necessariamente uma pessoa raivosa. Indignar-se com a injustiça é estar alerta. (...) Felizes são os homens e as mulheres que não aceitam passivamente os malfeitos dos governos e dos indivíduos. A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices.” ( 27/12/10, p.138).
O que não dá é para achar normal. Para achar barato ser refém desses bandidos. Precisamos de políticas sociais melhores, e um sistema de segurança que realmente nos defenda desses assaltos homeopáticos. Mas até lá vou continuar me indignando, tentando ser um elo forte nessa corrente em busca de uma sociedade melhor, de uma vida mais digna para todos.
Somos coagidos a dar dinheiro diariamente á esses bandidos. E esqueça aquelas pratinhas das quais você estava doido para se livrar, dependendo do lugar onde você estacionar seu carro o “dono do ponto” pode lhe cobrar de cinco a dez reais e exigir pagamento adiantado. E experimente dizer que não tem, ou que a rua não é dele. Um dia desses testemunhei, indignada, uma tentativa de argumento com um desses “trabalhadores”. Um rapaz, na tentativa de arrancar seu carro e após constatar que não tinha dinheiro para o tal “pagamento” foi obrigado a escutar frases absurdas como: “Não tem dinheiro, porque parou aqui?” “ Você senta em um bar e toma cerveja se não tem dinheiro para pagar?” “Esse é o meu trabalho, você está me roubando”. Fiquei perplexa, ainda mais após a tentativa do rapaz de chamar à sua defesa um policial que estava passando. “ Dá logo o dinheiro do cara e agente resolve isso” disse o policial. O rapaz ficou tão confuso, que sem chance de defesa, e talvez por falta de certeza sobre quem estava sendo roubado, teve que pedir o prestativo flanelinha para aguardar enquanto ele ia a um caixa rápido fazer o saque para o tal pagamento, sob ameaça de ter seu carro riscado. Acho que se as coisas continuarem como estão a procura por um caixa rápido será desnecessária, não demora e esses “profissionais liberais” estarão armados com maquinetas de cartão de crédito.
Fico pensando em como as coisas chegaram a esse ponto. Em quando esses marginais urbanos se apropriaram das ruas sem que nós, cidadãos de direito, pagadores de impostos tenhamos feito nada para impedir. O pior é que poucas pessoas enxergam a gravidade dessa questão. Um grande número de motoristas chegam ao cúmulo de achar vantagens nesse tipo de “prestação de serviço”, pensam ter seus carros realmente protegidos de furtos e roubos, e pior acham que custa mais barato manter o flanelinha que pagar estacionamento privado. Não deveria ser mais barato estacionar o carro na rua. Deveria ser gratuito, ou pelo menos legal, legal em todos os sentidos.
As pessoas fogem do parquímetro, e gastam mais com o “flanelímetro” e pior, alimentam essa rede de banditismo social que “emprega” pessoas de todas as idades. Pessoas que comungam de uma característica comum: sua disponibilidade para ganhar dinheiro fácil na famosa lei do menor esforço. Não defendo o parquímetro, mas o prefiro em relação á possibilidade de ficar criando “cobras para me picar”. Não sou elitista, nem direitista, nem liberalista ou qualquer outra coisa assim. Sou apenas uma cidadã cansada de ver pessoas incluindo o flanelinha em seu orçamento doméstico. O flanelinha não é um pobre coitado, é um bandido cotidianamente aceito, que se infiltrou na sociedade como baratas se infiltram em nossas casas. Você sempre acha que existe pragas mais ameaçadoras para combater, até que descobre que perdeu o controle sobre elas. Não temos mais controle sobre flanelinhas, eles se multiplicaram e dominaram as cidades de tal forma que agora vendem seus “pontos” para outros que queiram investir nesse lucrativo negócio.
Dia desses um babaca me disse com grande sorriso no rosto: “Conheço um professor, que fez faculdade e tudo, mas como ganhava pouco largou a escola e virou flanelinha, muito melhor, já comprou até um carro”. Que nojo dessa sociedade sem dignidade que se sente esperta, quando na verdade é desonesta. Me enoja também pensar que algumas pessoas acham isso legal. Não é legal, de forma nenhuma. Temos que dar um basta nessa situação. Como? O problema ficou grande demais para soluções simples, mas coragem para dizer não, participação política para cobrar intervenção do Estado, e principalmente responsabilidade social para não se render á lei do mais esperto, do mais fácil, do menor esforço seriam algumas alternativas na busca de soluções. Se tudo isso for impossível para você deve pelo menos, se indignar. Como diria sabiamente a colunista da Revista Época, Ruth de Aquino: “Uma pessoa indignada não é necessariamente uma pessoa raivosa. Indignar-se com a injustiça é estar alerta. (...) Felizes são os homens e as mulheres que não aceitam passivamente os malfeitos dos governos e dos indivíduos. A indiferença nos faz menos humanos. A resignação pode nos tornar cúmplices.” ( 27/12/10, p.138).
O que não dá é para achar normal. Para achar barato ser refém desses bandidos. Precisamos de políticas sociais melhores, e um sistema de segurança que realmente nos defenda desses assaltos homeopáticos. Mas até lá vou continuar me indignando, tentando ser um elo forte nessa corrente em busca de uma sociedade melhor, de uma vida mais digna para todos.
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